Javalis Chernobyl’: explosão deixou estes animais radioativos na Alemanha
Javalis do sul da Alemanha são alvos de pesquisas científicas há anos após terem sido contaminados por césio-137 em decorrência do desastre de Chernobyl de 1986 e de testes nucleares antes disso.
Esses animais, por sua vez, têm uma particularidade: diferentemente de outras espécies também afetadas pelo incidente, os níveis de radiação dessa espécie não diminuíram ao longo do tempo
A situação ficou conhecida como “paradoxo do javali”, mas ganhou novas pistas no ano passado após uma pesquisa ser publicada na revista Environmental Science & Technology. Segundo os cientistas, além de Chernobyl, testes de armas nucleares e cogumelos contaminados também estejam por trás dessa radioatividade
O que explica radioatividade?
Chernobyl. O desastre nuclear foi a primeira causa que os pesquisadores encontraram para explicar os níveis de radioatividade dos javalis na região. Mas isso isoladamente não contemplaria a gravidade da radiação nos animais.
Teste de armas nucleares. Uma pesquisa publicada ano passado descobriu que a maior quantidade de césio-137 detectada foi liberada durante os testes de armas nucleares que antecederam a catástrofe de Chernobyl. Especificamente, até 68% do césio presente nos javalis estudados veio de antigos testes de armas nucleares. Na época da Guerra Fria foram feitos mais de 400 testes na superfície, liberando radiação na atmosfera
“Mesmo que Chernobyl não tivesse acontecido, algumas amostras excederiam o limite.”
Diz Georg Steinhauser, radioecologista da Universidade Técnica de Viena e coautor do estudo
Consumo de cogumelo radioativo. Outra descoberta é a de que uma espécie de cogumelo, conhecida como trufa de veado, também esteja por trás da radioatividade dos javalis. Como o césio é absorvido lentamente pelo solo, pode levar bastante tempo até que o elemento chegue aos fungos locais, que depois são consumidos pelos javalis.
“Isso explica por que o césio ‘velho’ é encontrado desproporcionalmente em javalis. As trufas de veado, que podem ser encontradas a profundidade de 20 a 40 centímetros, só agora estão absorvendo o césio liberado em Chernobyl. O césio dos antigos testes de armas nucleares, por outro lado, já chegou lá [nas trufas] há algum tempo.”
-Georg Steinhauser
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